No último domingo, 5, um publico emocionado, mulheres em sua maioria, consolou a mãe e familiares da jovem Carla Santana Magalhães, sequestrada terça-feira passada, 30, e assassinada logo depois.
O ato, mobilizado por redes sociais, aconteceu na esquina das ruas João Cassimiro e Nova Tiradentes, no Bairro Tiradentes, em frente ao bar em cuja calçada os assassinos deixaram o corpo de Carla, completamente nu e com marcas de violência, inclusive sexual.
Carla tinha 25 anos e segundo a Polícia morreu degolada. Cerca de 40 pessoas foram abraçar os familiares e principalmente a mãe da jovem, dona Ivani.
Ambas são muito conhecidas nessa região do Tiradentes, próxima da Lagoa Itatiaia.
Após as orações cristãs, algumas pessoas se manifestaram para prestar condolências à família, pedir justiça e sugerir que todas as pessoas - em especial mulheres vítimas de violência – denunciem os agressores.
Duas ex-vereadoras estavam presentes, Luiza Ribeiro (PT) e Carla Stephanini (PSD). Ex-secretária municipal de Políticas Publicas de Defesa dos Direitos da Mulher, Carla disse que é fundamental a sociedade estar mobilizada para bloquear a violência e, se possível, antecipar-se com bastante antecedência, por meio das medidas de prevenção. “Não podemos permitir que esta barbárie seja banalizada”, afirmou.
Militante de movimentos dos direitos humanos, Luiza Ribeiro endossou: “Não importa de onde venha, não importa o contexto. Todo tipo de violência, física ou não, precisa ser combatido e prevenido, principalmente quando os alvos são os segmentos mais visados, como as mulheres e as crianças”, comentou Morador do bairro, o jornalista e escritor Edson Moraes salientou, dirigindo-se à mãe de Carla: “A morte de sua filha não terá sido em vão.
Ela viveu com dignidade a sua vida. E agora, precisa continuar vivendo em todos nós, caminhar com nossos passos, abraçar com os nossos braços, lutando nas nossas lutas”. E concluiu: “Pedir proteção de Deus todos pedimos.
Mas Deus sempre fez a parte dele. Quem não está fazendo a sua parte é o Homem, quando se cala diante da desigualdade e da injustiça. É da desigualdade, das injustiças e do silêncio dos bons que nascem todas as formas de violência”.
Duas das organizadoras do ato, Telma Lima e Fátima Cardoso, destacaram a coragem e a dignidade da família Santana, sobretudo da mãe de Carla, dona Ivani, que recebeu dos manifestantes um abraço coletivo. “Nossa intenção é trazer solidariedade, mas também cobrar providências efetivas das autoridades, mostrar que estamos unidas no propósito de evitar que mulheres continuem a morrer de forma violenta em Campo Grande”, frisou Telma Lima.
A Polícia ainda não tem pistas seguras que ao menos possam sugerir a autoria ou as causas do assassinato. Por isso, ainda não é possível qualificar se foi ou não crime de feminicídio, quando a vítima é morta pelo fato de ser mulher.
Todavia, já existem algumas informações sobre a possibilidade de seguir algumas linhas de investigação. Os registros da Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Publica (Sejusp) informam que, oficialmente, até o final da semana 18 mulheres foram assassinadas em Mato Grosso do Sul.

