Os longos anos de privações e expectativas frustradas de desenvolvimento estão perto de chegar ao fim em Porto Murtinho. Embora ainda não esteja concluído, o novo Corredor Bioceânico brasileiro já assenta seus primeiros e grandes investimentos nas estruturas de escoamento para acesso ao Oceano Pacífico por hidrovia e rodovia a partir desta fronteira do Brasil com o Paraguai. Isso já vem deslocando para a região empresas e negócios de diversos setores da economia nacional e internacional, fazendo antever que o município vai viver, em breve, um crescimento demográfico e urbano sem precedentes em seus 108 anos de história.
No entanto, segundo a vereadora Fátima Vidotte, a cidade não foi preparada adequadamente para suportar mudanças tão profundas, com as mais complexas e variadas demandas de serviços e necessidades urbanas. Ex-primeira-dama murtinhense e agora pré-candidata do PSD a prefeita, ela conta que tem essas ideias e preocupações no centro das atenções e que sabe o que está pontuando. No início da década anterior, bem antes de ser erguida a primeira estaca das obras da bioceânica, Fátima lembra que já estava entre os poucos idealistas que lutavam e sonhavam com a rota, sem se importar com as críticas e até zombarias dos que duvidavam do projeto. Naquela época, seu marido, Abel Proença, era o prefeito. Ela advertia sobre a necessidade de preparar o futuro de Porto Murtinho e dar o suporte aos moradores para que o crescimento não se tornasse um peso social, apesar dos avanços econômicos.
BENEFÍCIOS
“Além disso, esse crescimento precisa ter como principal conteúdo a agregação de valores e benefícios para a população”, sugere.
Fátima opina que as próximas eleições terão conteúdo e desdobramentos diferenciados, não somente pelo impacto da rota bioceânica, mas, também, pelos efeitos que a atual crise do novo coronavírus (Covid-19) está causando na economia e no contexto da cidadania.
“A escolha de quem vai governar o município será um passo decisivo para que murtinhenses e fronteiriços sejam melhor valorizados e reconhecidos como os maiores beneficiários diretos dos investimentos”, prevê Fátima, acrescentando que a cidade vai receber visitantes de todas as partes. “Vai ficar cheia de gente, de indústrias, de demandas. É bom, é importante, é necessário. Mas, antes disso, Porto Murtinho já deveria ter estrutura compatível com o tamanho que vai ganhar, sobretudo, no que pode e deve oferecer desde já em serviços, na saúde, na habitação, no trânsito, no ensino, na acessibilidade e mobilidade”, defende.


ACELERAR O PASSO
Para a pré-candidata, é fundamental que o poder público, em todos os níveis, acelere o passo e dote os murtinhenses de investimentos estratégicos e urgentes, como a ampliação da capacidade de atendimento médico-hospitalar na rede publica, a redução do déficit de moradias, modernização e adequação da malha viária, sistemas de conhecimento e de conexão digital e políticas de fomento econômico para geração de emprego e renda.
“Não queremos uma rota bioceânica refletida somente nos navios, nos treminhões, nas pontes e no concreto. Queremos, principalmente, um corredor que se reflita em investimentos na pessoa, na satisfação e nos direitos dos fronteiriços que moram nesta terra”, enfatiza Fátima.
Ela revela que aceitou o desafio de entrar na disputa depois de ser incentivada por murtinhenses que acompanham suas atividades de vereadora e foi estimulada pelo presidente estadual do PSD, o senador Nelsinho Trad, e por seus irmãos, o deputado federal Fábio Trad e o prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad. Os três líderes pessedistas enxergam nela as qualidades mais ajustadas ao momento que vive Porto Murtinho com a rota bioceânica, além de estar identificada com os desafios e aspirações da comunidade.