Em live transmitida via Facebook, a secretária de Saúde de Anastácio, Aline Cauneto, detalhou as ações de enfrentamento ao novo coronavírus (Covid-19) que vêm sendo realizadas no município. Acompanhada do coordenador da Atenção Básica de Saúde, Thiego Flores, e do coordenador da Vigilância em Saúde/Vigilância Epidemiológica, Sílvio Estevão, a titular da pasta também explicou a decisão de encerrar as barreiras sanitárias.
Aline relatou que, desde o início da pandemia, a chegada do vírus ao município foi considerada inevitável. No entanto, a pasta buscou manter esforços para evitar ao máximo o primeiro registro de contaminação, ao mesmo tempo em que preparava as redes de atenção e acolhimento. Uma das ações foi realizar barreiras sanitárias nas entradas de Anastácio, controlando o fluxo de visitantes.
“Nós passamos a pensar lá atrás como se tivéssemos casos, porque precisávamos estar prontos para conseguir cuidar da nossa população e devolver serviços em saúde que pudessem atender suas necessidades. Começamos o trabalho ainda em março”, destacou a secretária, referindo-se ao mesmo mês em que a OMS (Organização Mundial de Saúde) declarou o novo coronavírus como pandemia.
A partir de então, com a formação do Comitê de Enfrentamento à Covid-19, a Prefeitura de Anastácio entendeu que, junto à implantação das barreiras sanitárias, seria necessário fortalecer o sistema de saúde. Desde abril, foi montado um polo de atendimento para pacientes com sintomas, no ginásio de esportes, que funciona, diariamente, das 07h às 18h. Depois desse horário, o atendimento é feito no Hospital Abramastácio, em iniciativa que visou, também, garantir a segurança nas ESFs (Estratégias de Saúde da Família), criando uma referência para a população.


Mesmo ainda sem pacientes, segundo Aline, o polo do ginásio de esportes já estava em funcionamento. O primeiro caso confirmado ocorreu no dia 26 de maio. A exemplo de Aquidauana, a situação se manteve relativamente controlada naquele mês e em junho, com as equipes de Vigilância Epidemiológica conseguindo realizar o rastreio das contaminações por Sars-CoV-2. No entanto, a partir de julho, teve início a transmissão comunitária, resultando em um aumento expressivo de infectados - eram 191 até esta segunda-feira.
Todas as mudanças de cenário foram sendo avaliadas de forma diária pela equipe da pasta e pelo comitê. A titular da Saúde lamentou os mais de 100 mil óbitos no País e disse que os 191 casos de Anastácio representam um número que considera “assustador”. No entanto, reforçou que poderia ser ainda pior sem algumas medidas duras adotadas ao longo do percurso, inclusive, questionadas por parte da população.
“Estamos lidando com o novo em um município pequeno, sem estrutura de UTI [Unidade de Terapia Intensiva], a nossa referência é Campo Grande. O sistema todo utilizado, os pacientes sendo positivados, mas, graças a Deus, ao empenho, ao trabalho, temos conseguido dar conta de fazer o melhor, porque entendemos que a saúde da população é a nossa responsabilidade”, enfatizou Aline, citando o apoio do prefeito Nildo Alves (PSDB) no trabalho feito desde março. “A gente prefere lutar e sofrer pelo cansaço do que pela omissão”.


Novo decreto
Referente às alegações de quem pede lockdown, a titular da Saúde explicou que as reuniões do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 são semanais, mas que o cenário é avaliado de maneira diária. Estudo técnico indicou que fechar tudo em uma data comemorativa [Dia dos Pais] não faria diferença e poderia até representar perdas no trabalho já realizado, considerando que a circulação continuaria ocorrendo, inevitavelmente. Desta forma, o lockdown foi descartado para o novo decreto, publicado no último sábado (08).
Já sobre o encerramento das barreiras sanitárias, Aline pontuou que os 90 dias tiveram resultados significativos e que, muitas vezes, houve cobrança por não permitir a entrada de pessoas no município. O receio da pasta, até então, era não conseguir rastrear possíveis casos. No entanto, a partir do momento em que foi identificada a transmissão comunitária e que as contaminações dispararam, houve uma reavaliação sobre a necessidade de manter o controle nas entradas do município.
“A partir de quinta-feira [13], não faremos mais barreiras sanitárias. O nosso esforço precisa estar direcionado ao monitoramento dos casos confirmados em Anastácio, para que a gente consiga controlar a propagação da Covid. Perderíamos muito tempo monitorando a entrada de quem chega, e deixaríamos de cuidar daqueles que precisam de cuidado”.


Situação dos casos, testagem e medicação
O coordenador da Vigilância em Saúde/Vigilância Epidemiológica, Sílvio Estevão, explicou que, entre os 145 casos ativos do município, há três pacientes internados no Hospital Abramastácio. Outros cinco, em situação mais delicada, precisaram ser encaminhados para Campo Grande.
“A nossa preocupação, hoje, é cuidar para que esses pacientes não se agravem, não sejam transferidos para outro município. Que eles sejam tratados aqui no nosso município mesmo”, destacou Sílvio.
Com relação à testagem, o coordenador da Atenção Básica de Saúde, Thiego Flores, contou que é feita baseada em protocolos - sejam do Ministério da Saúde, sejam de artigos científicos.
Tanto o teste rápido como o swab, disse ele, são para pacientes com sintomas. No entanto, para quem tem dúvidas sobre quando deve ser feito um ou outro, é preciso saber a característica de cada. O teste rápido, sorológico, verifica se a pessoa já teve contato com Sars-CoV-2 ou está infectada naquele momento. Como o organismo leva de oito a 14 dias para produzir mecanismos de defesa contra a Covid-19, o swab (cotonete nas vias respiratórias) é indicado para pessoas com menos de sete dias de sintomas. A partir disso, o recomendado é o teste rápido, já com o tempo hábil para a identificação do vírus no organismo.
“São os dois testes que a gente tem disponível. Vamos organizando o fluxo da testagem de acordo com a nossa realidade de Anastácio”, afirmou Thiego. Até hoje, de acordo com a Secretaria de Saúde, não houve divergência de resultados em testes rápidos/swab realizados na cidade.


A Administração Municipal providenciou o Kit Covid para deixar à disposição da população, quando necessário, conforme avaliação médica. O paciente pode negar a medicação e, durante o tratamento, é deixado ciente sobre todos os efeitos que podem ser causados, razão pela qual precisa assinar um termo de consentimento.
Ajuda da população
Além das ações do Poder Público, Aline contou que o cenário de transmissão comunitária exige que a população também faça a parte dela, utilizando máscaras quando necessitar sair de casa, adotando as medidas de higiene e evitando aglomerações.
“Não sabemos mais onde o vírus está. Mas sabemos que ele circula, então, é preciso reforçar para a nossa população. Nossa taxa de isolamento em Anastácio, de 40%, é péssima. Precisamos atingir níveis melhores, 70%, para conseguir controlar a propagação. A gente só testa quem tem sintoma, mas também temos casos de pacientes assintomáticos transmitindo a doença para pessoas dentro de casa”, alertou a secretária.